Fisioterapia Pelvica - Perineo - Massagem Perineal - Pos Graduacao
 
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O que é massagem perineal?

É um tipo específico e delicado de massagem realizada na região genital feminina ou, mais especificamente, na região do períneo. No geral a manobra trabalha toda a pele e adjacências da entrada do canal vaginal mas tem enfoque na porção muscular (MAP), localizada há cerca de 2 centímetros para dentro da vagina e envolvendo o canal quase como um nó.


Qual a função deste tipo de massagem?

A função principal da massagem perineal é permitir um relaxamento progressivo da MAP, especificamente na entrada do canal vaginal, além dos tecidos locais adjacentes (pele, camada subcutânea, pequenos músculos vaginais superficiais, etc).

É importante na preparação para o parto, quando o aumento na elasticidade da abertura vaginal é importante para a minimização de lesões que por ventura possam ocorrer. Por promover este alongamento da entrada do canal vaginal, a realização de massagem perineal no pré-natal (desde que realizada de maneira correta e na frequência necessária).

Os músculos do assoalho pélvico são forte e resistentes, e exigem tratamento à altura. Massagens realizadas de qualquer jeito, sem levar em consideração os pontos mais importantes, servem de pouco ou nada na preparação para o parto.



Como ela funciona?

A partir de lentos e delicados movimentos circulares, num primeiro momento ao redor da entrada do canal vaginal, a massagem tenta relaxar e alongar progressivamente os tecidos cutâneos e subcutâneos (pele, gordura, anexos e pequenos músculos superficiais).

Posteriormente os movimentos são concentrados na entrada da vagina há cerca de 1 centímetro para dentro, antes da linha da MAP (região muscular há cerca de 2 centímetros para dentro da vagina). O objetivo ainda é de alongar e relaxar o local.

Num terceiro momento o foco é a MAP, localizada há cerca de 2 a 3 centímetros para dentro do canal vaginal. Por se tratar de uma região de musculatura mais forte normalmente é necessário um pouco mais de pressão, respeitando-se a delicadeza da região. Aqui o objetivo principal é a mobilização e o alongamento da MAP.

Nesta altura a massagem perineal contribui de maneira decisiva para a conscientização e auto percepção da mulher para com esta musculatura, fundamentais para o relaxamento consciente do local, necessários para a passagem do bebê (para a gestante) ou do pênis (para mulheres com algum grau de dor na penetração).

Não realize a massagem perineal por conta própria antes de consultar uma fisioterapeuta pélvica.




Preparação para o Parto

Graças a estudos embasados no que há de mais tecnológico, hoje já sabemos quais as partes do assoalho pélvico mais sofrem durante o trabalho de parto. Existem alguns pontos extremamente importantes que devem ser trabalhados quando o objetivo da massagem perineal for preparação para o parto e minimização do risco de lesões:

  • Inserção púbica dos músculos pubovaginal e puboperineal
  • Inserção no corpo perineal dos músculo pubovaginal e puboperineal
  • Tensão dos músculos iliococcígeos sobre a rafe anoxoccígea
  • Tensão dos músculos superficiais da MAP

O tratamento preciso em cada um destes pontos, de modo individual e minucioso e, o mais importante, com técnicas próprias para cada um deles, vai evitar, respectivamente, as lesões de desinsersão (ruptura) dos músculos pubovaginal e puboperineal (1 em cada 5 mulheres), que conferem a sensação de pressão ou aperto na entrada do canal vaginal, importantes para a função sexual e continência urinária; ruptura do esfíncter anal (1 um cada 3 mulheres), responsável pela continência de gazes e fezes; estiramente e lesão dos músculos superficiais do assoalho pélvico (1 em cada 4 mulheres), importantes para a sensibilidade do clitóris durante o sexo.

Existem pontos específicos para serem trabalhados na preparação para o parto. Massagem perineal de qualquer jeito não evita lesões.




Como é realizada?

A melhor posição para a realização da massagem perineal é a chamada posição ginecológica (a mesma do consultório do ginecologista: deitada da maneira mais confortável possível, pernas afastadas e pés apoiados). Outras posições alternativas são a sentada ou, em último caso, em pé com as pernas afastadas, como na automassagem realizada pela própria mulher, por exemplo, durante o banho.

Após a verificação do médico de que não existem problemas ginecológicos como infecções e tomados os cuidados de proteção individual (luvas, etc), os dedos do terapeuta (ou da própria mulher) devem se lubrificados com gel específico para este fim. Movimentos circulares delicados com dois dedos devem ser iniciados ao redor da entrada do canal vaginal, concentrados na porção posterior (parte de trás da entrada da vagina, perto do ânus).

Não massageie a região da uretra (pequeno orifício, um pouco difícil de observar, mas por onde sai a urina, logo abaixo do clitóris) para evitar irritação e infecções.

Após ter conseguido o relaxamento suficiente da região superficial os dedos (ou um dedo, dependendo do caso e dos objetivos do tratamento) devem ser lentamente introduzidos na entrada do canal vaginal. Os movimentos circulares devem ser substituídos por meia lua, ou seja, deslizamentos em forma de ( ). Deve-se procurar a linha da MAP - local onde se encontra esta musculatura, há cerca de 2 centímetros para dentro da vagina: é um local mais "apertado", onde é sentida por exemplo a pressão durante o ato sexual.

Massagem perineal não deve ser feita em forma de "U", porque os levantadores do ânus não são músculos em forma de "U", mas de "( )" parênteses. A força deve ser lateral, e não para baixo.


Depois de encontrar a MAP a metade dos dedos, levemente curvados para dentro da vagina, deve ser posicionada na altura dela, puxando a musculatura em diagonal para o lado e para baixo(e não na direção do ânus). Deve-se observar uma sensação igual ao alongamento muscular (como por exemplo ao alongar outro músculo antes de uma atividade física).

Esta sensação do alongamento (semelhante a um leve desconforto, ou uma ardência muito suave - que não na pele) deve ser sustentado até que diminua ou desapareça (o que leva cerca de 20 a 30 segundos, normalmente).

Caso sinta algum desconforto diferente, maior ou dor interrompa a massagem e contate sua fisioterapeuta pélvica.

Na sequência deve-se aliviar a pressão e retornar aos movimentos em ( ), repetindo em seguida a pressão para cada um dos lados da vagina (na direção de cada uma das coxas) do mesmo modo que foi descrito acima.

Se a massagem for realizada por uma outra pessoa que não a própria mulher, converse sempre durante o procedimento para que o grau de "força" dos movimentos sejam suficiente confortáveis.

A massagem pode ser realizada até mesmo todos os dias, de acordo com o plano de tratamento e a necessidade de cada caso.

Lembre-se: a massagem perineal é apenas a forma mais simples de auxiliar ou tentar minimizar o risco de lesão durante o parto vaginal. Para uma preparação-para-o-parto eficaz é fundamental o treino de exercícios para a MAP, com enfoque na coordenação motora e na propriocepção (auto percepção) da MAP, além da fundamental preparação da parte óssea. Consulte um fisioterapeuta especialista em uroginecologia para um plano completo de tratamento de acordo com o seu caso em particular.