Boa parte dos prolapsos genitais é causada pela falência da MAP. Previna-se evitando este enfraquecimento através de exercícios. É fácil!
Quando os órgão genitais internos da mulher (útero, ovários, tubas uterinas, além da bexiga e dos grossos canais musculares que formam vagina, reto e uretra) são projetados para fora, empurrando as paredes vaginais ou do reto como que as virando do avesso, acontece o chamamos de prolapso genital.
Infelizmente a incidência de prolapsos genitais é alta: a cada ano 80 mil brasileiras sofrem cirurgias para a correção de prolapsos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Os órgão genitais internos da mulher estão contidos numa cavidade denominada cavidade pélvica (saiba mais em Descubra com sua MAP). Esta cavidade é delimitada lateralmente por ossos (a popular bacia) e superiormente é contínua à cavidade abdominal (onde estão os intestinos, fígado, etc).
A cavidade pélvica não tem ossos fechando seu fundo (para que seja possível se formar o canal de parto). Quem fecha o fundo (ou assoalho) da cavidade pélvica é um sistema formado por fáscias e ligamentos (como grossos elásticos biológicos que unem cada um dos órgãos às paredes ósseas) e por músculos (MAP).
Didaticamente pode-se dizer que os órgãos pélvicos são sustentados na cavidade pélvica como um barco numa piscina, amarrado em cinco ou seis cordas que partem radialmente para cada uma das margens. As cordas seriam os ligamentos, e a água, a MAP. Imagine que, ao forçar-se o barco para baixo, as cordas são tensionadas e água comprimida. Por isso dizemos que a MAP pode ajudar a proteger os ligamentos.
Assim, quando a MAP falha totalmente (a água da piscina some) e não mais sustenta o peso dos órgãos (o barco), toda o peso recai sobre os ligamentos (cordas) que, sobrecarregados, microlesionam-se. Se a situação persistir os ligamentos podem vir a romper-se, desconectando os órgãos dos ossos. Estes então descem, empurrando a parede vaginal para fora (como que virando-a pelo avesso) numa situação conhecida como prolapso genital.
Até 2006 se classificavam os prolapsos como sendo de útero ou bexiga (quando um destes dois órgãos é "empurrado" para fora) ou de uretra, reto ou vagina (quando um desses grossos tubos musculares perde a sustentação e é "virado pelo avesso"). Contudo, hoje sabemos que todo prolapso mobiliza a maioria - senão todos - os õrgãos pélvicos, de modo que essa divisão em cistocele (bexiga), retocele (reto), enterocele (intestinos), etc, tornou-se não só obsoleta, mas imprecisa e até errônea, caindo finalmente em descrédito e desuso.
Não existem prolapsos de bexiga, útero, reto ou o qualquer outro órgão isolado, mas de compartimento anterior, médio ou posterior da pelve.
A causa mais comum de prolapso são lesões que acontecem no assoalho pélvico durante o parto, especialmente de mulheres que não foram adequadamente preparadas com fisioterapia pélvica de qualidade.
Quando a MAP está apenas um pouco enfraquecida acontece o que chamamos de prolapso transitório: durante esforços (espirrar, tossir, rir ou no esforço físico) a pressão intra-abdominal empurra os órgãos para baixo fazendo o órgão sair temporariamente. Quando o esforço cessa, o órgão volta à sua posição original. Nestes casos, por serem iniciais, os exercícios de fortalecimento para a MAP podem auxiliar. Em muitos casos o motivo da falência da MAP é a desprogramação da pré contração, quando o "piloto automático" da MAP está desativado. Esta situação pode ser diagnostica e tratada por uma fisioterapeuta pélvica capacitada neste tipo de avaliação.
Desde quando um prolapso genital está começando, a mulher tem a sensação de "algo descendo", ou "puxando para baixo", interiormente à cavidade pélvica. Esta sensação não é muito precisa, ou seja, não há um ponto dolorido em si, mas sim uma sensação mais esparsa na cavidade pélvica, nos arredores internos do canal vaginal, bem abaixo do abdome.
Normalmente não existe dor, a não ser nos casos muito mais avançados, onde os órgãos podem realmente projetar-se para fora da vagina.
Ainda hoje grande parte dos prolapsos é tratado com cirurgia, onde é feita uma incisão através do assoalho pélvico e os órgãos são reposicionados. Mas nem sempre reposicionar os órgãos corrige o problema: a lesão que fez os órgãos saírem de suas posições deve ser corrigida. Por este motivo, durante décadas de prática as técnicas cirúrgicas para a correção de prolapsos genitais ainda mantém-se bastante controversas.
Parte desta controvérsia deve-se às taxas de reincidência. Após algum tempo (normalmente quatro anos) de pós-cirúrgico, os prolapsos podem voltar exigindo nova cirurgia. Contudo a boa notícia é que a ciência vem avançando bastante no tocante à melhoria destas técnicas. Há alguns anos surgiram novas técnicas utilizando telas artificiais que refazem o papel da porção danificada da MAP. Os resultados vem sendo animadores.
Fisioterapia Pélvica
Por outro lado, artigos recentes têm apontado a fisioterapia pélvica como tratamento de primeira opção para os casos de prolapsos genitais. Estudos mostram que os execícios do assoalho pélvico são capazes de reduzir em até 17% o tamanho do hiato urogenital (abertura por onde os õrgãos descem no prolapso), pelo fato de causarem hipertrofia (fortalecimento) destes músculos de modo eficiente.
Ao reduzir o tamanho do hiato urogenital, a fisioterapia pélvica apresenta bons resultados na melhoria da qualidade de vida de mulheres com qualquer grau de prolapso.
Uma parte dos prolapsos genitais é causado pelo enfraquecimento da MAP, é possível preveni-los mantendo esta musculatura fortalecida com exercícios específicos. Mas a maioria dos prolapsos é causada por lesões que acontecem durante o parto, especialmente o vaginal.
Porém, mesmo quando se trata de lesões relacionadas ao parto, é possível minimizá-las ou até evitá-las a partir de exercícios. A mulher que exercita e sabe como contrair e relaxar sua MAP, chega ao parto com a musculatura mais condicionada ao esforço (como um atleta que treina sempre). Caso haja alguma lesão, a recuperação é muito mais rápida (um músculo condicionado se recupera mais rápido e melhor de lesões). Ainda, saber relaxar a MAP é fundamental para permitir a dilatação do canal de parto e a passagem mais tranquila do bebê.
Além das mães, mulheres que já atingiram a menopausa também têm maior risco de desenvolver este problema, uma vez que a MAP depende muito dos hormônios que tornam-se escassos neste período.
São inúmeros os benefícios do fortalecimento da MAP, e portanto toda mulher deveria exercitar regularmente esta musculatura. Aquelas do grupo de risco citado no parágrafo acima (mulheres com filhos ou na menopausa) têm motivos a mais para exercitarem-se. Consulte um fisioterapeuta especializado ou solicite ao seu ginecologista uma avaliação da condição funcional da sua MAP. Daí para frente, exercitar é super fácil!
Nunca realize exercícios para a MAP por conta própria
se suspeitar
de prolapso genital. Antes consulte uma fisioterapeuta pélvica.
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