Você precisa fazer força para urinar? O jato está fraco, ou intermitente (interrompido)? Apresenta sangramento ao urinar? Sua uretra pode estar bloqueada, e você deve consultar imediatamente seu médico urologista.
A urina é armazenada na bexiga e eliminada pela uretra, um canal que atravessa o pênis, levando a urina da bexiga até o exterior. Este mesmo canal também é utilizado para conduzir o sêmen (espermatozoides, gel seminal e líquido prostático) dos testículos e glândula até o exterior.
Abaixo da bexiga há uma grande glândula chamada próstata, do tamanho de um ameixa, que serve para produzir um líquido cuja função é dissolver o gel que compõe o sêmen cerca de um minuto apos a ejaculação, para liberar os espermatozoides para sua longa jornada até o óvulo. A uretra, canal por onde sai o sêmen e a urina, passa exatamente no meio da próstata.
Qualquer alteração na próstata tende a influenciar a uretra, alterando o trânsito de urina e de sêmen.
Com o envelhecimento é normal que a próstata aumente um pouco de tamanho, mas este aumento varia de pessoa para pessoa: alguns homens apresentam um grande aumento de volume, outros bem discreto.
Este aumento de tamanho, ou hiperplasia, acaba diminuindo o canal da uretra na altura da próstata, já que glândula cresce para fora mas também para dentro. Com a hiperplasia da próstata e a compressão da uretra, tanto a ejaculação quanto o urinar estão prejudicados, no que é conhecido como retenção urinária.
Um sintoma bastante importante de que a uretra está sendo comprimida é a necessidade de fazer força para a urina sair. Esta necessidade vai piorando gradualmente com o tempo, até que o jato de urina fique fracionado, ou seja, jatos interrompidos. O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico.
Se seu jato urinário está intermitente, ou se você está precisando fazer mais força do que o normal para urinar, procure imediatamente seu médico urologista.
Outra situação que provoca retenção urinária por conta de compressão da próstata sobre a uretra é o câncer da próstata. Doença que mais mata homens em todo o mundo, vale a pena lembrar que todo câncer começa com uma única célula mutante e, portanto, demora anos e anos até que o tumor cresça o suficiente para provocar sintomas como a retenção urinária e destruição de parte do sistema ejaculatório.
Por este motivo a prevenção é tão importante. Se você tem 50 anos ou mais deve consultar anualmente seu médico urologista, e assim pegar o problema no começo, quando a cura é mais simples e sem sequelas. O tratamento, tanto para a hiperplasia avançada quanto para o câncer da próstata é a cirurgia, que tende a destruir tecido ao redor da próstata e causar incontinência urinária e disfunção erétil, ambas de regressão complicada por conta especialmente da perda de tecido nervoso. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor o estrago.
O objetivo de operar a próstata é desobstruir a uretra (canal de saída da urina e sêmen, que passa por dentro dela) ou extirpar um câncer, lembrando que a próstata é local do câncer mais comum em homens.
Quanto mais cedo for diagnosticado o problema menor pode ser a cirurgia, e menos tecido acaba sendo danificado. As sequelas mais comuns das cirurgias prostáticas são incontinência urinária, disfunção erétil, infertilidade, alteração do tamanho do pênis e hérnia inguinal.
A fisioterapia pélvica é a melhor opção para o tratamento da incontinência urinária e da disfunção erétil pós-prostatectomia radical.
A gravidade de todas as sequelas é diretamente relacionada com o estágio da doença. Mais uma vez, quanto mais cedo o diagnóstico, menor o estrago e menor o risco de vida.
Existem diversos tipos de cirurgia para remoção parcial ou total da próstata (leia a seguir). O tipo de procedimento é selecionado de acordo com a gravidade do caso e o estado geral de saúde de cada paciente.
A partir dos 50 anos de idade faça o exame preventivo com um médico urologista. É grátis em qualquer Unidade de Saúde, demora alguns minutos e pode ou salvar sua vida, ou evitar sequelas urinárias e sexuais graves.
A RTU é um procedimento via uretra. Uma mini mangueira guia pequenos instrumentos por dentro da uretra até a próstata, não necessitando de incisões externas como a prostatectomia radical. É mais utilizada para casos de hiperplasia benigna da próstata, e o objetivo é alargar o canal, diminuindo a estenose (compressão que a próstata aumentada causa sobre a uretra).
Utilizando anestesia local ou geral, o tecido da próstata é destruído por laser, sem causar maiores comprometimentos urinários ou à ereção. A cirurgia dura cerca de uma hora, e ao final é colocado um cateter (tubo pequeno) na uretra, que ali deverá ficar por uma a duas semanas, evitando maiores esforços para esvaziar a bexiga neste período. O paciente deixa o hospital em um ou dois dias.
Utilizada no tratamento do câncer prostático, remove toda a próstata, além das vesículas seminais (glândulas que produzem o gel que compõe o sêmen) e, se necessário, mais algum tecido ao redor, como os linfonodos (canais por onde circula a linfa, e cuja falha é responsável pelo edema ou inchaço).
Tumores muito grandes podem ter se desenvolvido por cima dos dois nervos eretores, responsáveis pela ereção, e estes necessitarão ser removidos também. Tumores menores, diagnosticados mais cedo, podem ser retirados mantendo-se um ou ambos os nervos eretores intactos.
O procedimento retropúbico é o mais comumente realizado, e necessita anestesia geral ou raquimedular (da cintura para baixo). É feita uma incisão na altura do osso púbico (linha onde normalmente fica o elástico da cueca), e outra do umbigo até a primeira incisão, formando um "T" de cabeça para baixo.
Depois da remoção da próstata e demais estruturas é colocado um cateter (pequena cânula de silicone) na uretra, que fica durante uma ou duas semanas para que a urina seja drenada da bexiga sem maiores esforços. Após este período o cateter é removido e o paciente passa a urinar normalmente.
Nas primeiras semanas após o procedimento é normal que ocorra incontinência urinária e disfunção erétil, cuja função pode normalizar de alguns meses a um ano nos casos onde a destruição tecidual por conta do tumor não foi demasiada.
Semelhante à cirurgia retropúbico, o procedimento via perineal é menos utilizado pela impossibilidade de poupar os vasos linfáticos e os nervos eretores. A incisão realizada é em forma de meia-lua, entre a bolsa escrotal e o ânus.
São removidas as mesmas estruturas do procedimento retropúbico, e ao final o paciente mantém a cânula uretral por uma ou duas semanas, sendo retirada após este período.
Em cirurgias por laparoscopia pequenos instrumentos são inseridos por cânulas em incisões bem pequenas (cerca de 1cm). Um destes instrumentos é uma micro câmera, a partir da qual o cirurgião consegue guiar todos os outros materiais.
A próstata e os anexos são retirados por estas pequenas aberturas. Ao final é colocado um cateter na uretra, que deve permanecer por uma ou duas semanas até a remoção. Da mesma forma que nas prostatectomias retropúbica e perineal, a quantidade de tecido retirado depende do tamanho do tumor.
No entanto o tempo de recuperação do procedimento por laparoscopia é menor e menos doloroso, uma vez que as incisões são bem pequenas.
Há ainda a prostatectomia laparoscópica robótica, onde o cirurgião maneja braços robóticos para operar os mesmos instrumentos da técnica por laparoscopia direta, realizada com as mãos do cirurgião. Na técnica robótica há menos perda de sangue e o tempo de recuperação é ainda menor e menos doloroso do que na laparoscopia direta.
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