Saber relaxar a MAP (através de exercícios de coordenação motora) auxilia a passagem mais tranquila do bebê no momento do parto. Manter a MAP forte (através de exercícios de fortalecimento) diminui a dor nas costas durante a gestação, evita lesões durante o parto e, se alguma lesão acontecer, garante uma recuperação melhor e mais rápida.
Você já parou para pensar que a maior parte do tempo de um trabalho de parto é um trabalho entre uma cabeça óssea forçando passagem por um anel ósseo (o anel pélvico da mãe)? Pois é. Mais de 90% do tempo de um trabalho parto é o chamado período de dilatação, onde o bebê vai descendo pela pelve óssea materna (canal de parto), até chegar na abertura do assoalho pélvico por onde vai finalmente sair, no que chamamos período de expulsão.
Já reparou também como o tempo desta fase de dilatação varia muito de parto para parto? Isso mesmo, enquanto alguns trabalhos de parto demoram umas poucas horas, outros podem demorar muitas delas. Muita coisa é responsável por esta variação no tempo, mas a mais importante de todas é a chamada mobilidade das aticulações sacroilíacas. Estas articulações unem os ossos da pelve da mãe, e são elas que permitem os movimentos que fazem essa pelve lentamente se abrir para permitir a passagem progressiva do bebê, durante cada um dos famosos centímetros de dilatação.
Por este motivo, quanto mais móveis (macias) estiverem as articulações sacroilíacas da mãe, mais rápido se dará a descida do bebê durante o período de dilatação. Cada mulher vai ter uma mobilidade de sacroilíacas diferente da outras (umas mais macias, outras mais rígidas), e isso vai ser o maior determinante de o quão mais rápido vai ser, em média, o tempo do trabalho de parto de cada uma delas.
O tempo total do trabalho de parto depende diretamente da mobilidade (maciez) de articulações que podem ser liberadas (afrouxadas) por fisioterapia pélvica!
Mas a grande notícia é que esta mobilidade das articulações sacroilíacas, apesar de ser genética (de nascença), pode ser modificada (aumentada ou diminuída) por fisioterapia! Isso mesmo. Considerando que a gestação como um todo dura vários meses, temos tempo suficiente para liberar os músculos e outras estruturas que estabilizam (endurecem) estas articulações e, assim, ir ganhando progressivamente maior mobilididade, deixando as sacroilíacas o mais macias possível até o dia do parto, para que a passagem do bebê se passe de modo rápido e fácil.
A gestação é um período de grandes mudanças corporais e psicológicas na vida da mulher. Apesar de natural, este estado exige alguns novos cuidados para com a saúde. Hoje já é sabido que, dentre estes cuidados, os exercícios para a musculatura do assoalho pélvico (MAP) são indispensáveis.
A MAP fecha a parte inferior da pelve (veja mais em Descubra sua MAP). Por este motivo eles acabam ajudando na sustentação do peso dos chamados órgãos pélvicos (útero, ovários, bexiga, etc), mantendo-os em suas posições normais dentro da cavidade pélvica, e sendo exigidos constantemente durante toda a vida a mulher para estabilizar qualquer tipo esforço, por menor que seja.
Os órgãos são sustentados por ligamentos e fáscias (elásticos biológicos que prendem os órgãos aos ossos). Como qualquer elástico, os ligamentos e fáscias não podem ser submetidos a tensão constante: eles podem ser exigidos apenas em períodos curtos de tempo. Do contrário eles vão sofrendo micro lesões e por fim podem vir a ser rompidos. Quem evita este tipo de sobrecarga, e portanto de lesão, é justamente a MAP, que contrai-se vigorosamente empurrando os órgãos para cima durante os esforços, protegendo o trabalho dos ligamentos.
Quando a MAP está fraca os ligamentos são lesionados e falham em sua função de sustentação. Então os órgãos saem de sua posição natural (descem), ocasionando problemas como os prolapsos genitais e a incontinência urinária, comuns em mulheres em todas as faixas etárias. No entanto, estes problemas são muito mais comuns em mulheres com um ou mais partos.
Durante a gestação, como se pode imaginar, a sobrecarga na MAP é radicalmente aumentada. Afinal, além de sustentar o peso constante dos órgãos pélvicos agora ela precisa sustentar todo o peso do bebê e dos anexos embrionários (placenta, líquido amniótico, etc), durante todo o dia - especialmente quando a mulher está em pé ou sentada.
Por este motivo seria ideal que a mulher, ao planejar ter filhos, treinasse sua MAP antes e durante a gestação. Os treinos de força, de coordenação motora da MAP e a massagem perineal são exemplos de terapias bastante úteis para minimizar os problemas descritos.
Ainda, é importante lembrar que problemas como incontinência urinária e prolapso genital podem surgir tanto no pós-parto imediato quanto tardiamente (anos depois).
Durante a gestação, MAP fortes oferecem um apoio maior ao útero, o que reduz a pressão sobre a bexiga e diminui as dores lombares, comuns neste período; evitam a sobrecarga nas fáscias e ligamentos, reduzindo o risco de prolapso genital e garantem uma recuperação mais rápida e tranquila após o parto.
O maior causador de lesão do assoalho pélvico é o parto. As lesões que originam os prolapsos genitais, por exemplo, podem ser visualizadas em mulheres que têm filhos, mas quase não são encontradas nas nulíparas (mulheres sem filhos), o que indica que o parto deve ser o maior responsável por estas lesões.
Todavia, mesmo mulheres com filhos podem ter prolapsos genitais. Ao que parece, o puerpério, que é o período após o parto, no qual a mulher já está cuidando do seu bebê, pode representar risco em potencial para o assoalho pélvico, talvez porque a relaxina, hormônio que afrouxa o assoalho pélvico para a passagem do bebê durante o parto, ainda está ativo nos primeiros três meses após o parto. Deste modo, toda mãe deve evitar carregar peso ao máximo durante os primeiros três meses de seu bebê.
Mas ao contrário do que se pode imaginar, não é o parto normal o único responsável por lesionar o assoalho pélvico. Estas lesões ocorrem principalmente durante o segundo estágio do trabalho de parto (ou período expulsivo), onde as contrações uterinas mais fortes fazem com que a cabeça do bebê seja projetada repetidamente contra o assoalho pélvico. É neste período que acontece a maior dilatação do assoalho pélvico.
É importante frisar que o período expulsivo pode estar presente tanto no parto normal quanto em alguns partos Cesários. Pode acontecer de a cesareana ser iniciada quando o colo uterino já começou a se dilatar, ou seja, próximo ao período expulsivo. Nestes casos alguma lesão do assoalho pélvico já pode ter estar em andamento.
Músculo preparado corre menos risco de lesão. Assim, a mensagem que fica é que, tanto para o parto normal quanto para a cesariana, a MAP deve ser preparada - com exercícios. Em conjunto, os treinos de força, de coordenação motora da MAP e a massagem perineal durante a preparação para o parto, todos executados por fisioterapeuta especializado, podem minimizar em muito os riscos.
A lesão da MAP pelo parto desaparece logo ou é duradoura?
Durante a passagem do bebê a MAP é distendida mais de três vezes acima de sua capacidade normal de resistência. Ainda, durante o encaixe e expulsão do bebê, a inervação local sofre um longo período de compressão. A compressão contínua de uma inervação dificulta sua oxigenação e pode comprometer seu funcionamento. Na prática, um nervo lesionado leva ao mal funcionamento das estruturas inervadas por ele, no caso, a MAP, bexiga, uretra, vagina e esfíncter anal.
De fato, estudos vêm mostrando que a função elétrica (funcionamento) do nervo pudendo (que inerva a região urogenital) é reduzida em mulheres que tiveram partos, especialmente partos normais.
Mas, normalmente, as lesões por compressão nervosa tendem a regredir em algumas semanas ou, nos casos de partos mais demorados, logo nos primeiros meses.
Já para os casos de lesão muscular ou ligamentar, a correção normalmente precisa ser cirúrgica. Em alguns casos, mais brandos, exercícios específicos de fortalecimento da MAP podem fazer com que essa musculatura melhore a sustentação dos órgãos pélvicos, não necessitando cirurgia.
Não é difícil imaginar que se a MAP contrair-se durante a passagem do bebê, a lesão pode ser maior. Desta forma, mulheres que exercitam regularmente sua MAP, apresentando assim um grau maior de coordenação motora e controle da musculatura, apresentam grande vantagem.
Mulheres que dominam os exercícios perineais têm maior facilidade em relaxar a MAP para permitir a passagem mais tranquila do bebê, e ao mesmo tempo contrair os abdominais, ajudando na expulsão. A respiração lenta e profunda trabalhada nestes exercícios ajuda a economizar energias para o momento da expulsão.
Para o parto normal, o movimento exigido da mulher é exatamente o mesmo utilizado na segunda etapa dos exercícios com o ben wa: contração da musculatura abdominal e relaxamento da MAP. Contudo, exercícios não orientados durante a gestação oferecem grande risco, e portanto só são indicados com o aval de um profissional competente.
Outra técnica útil na preparação para o parto vaginal é a massagem perineal. Quando realizada de maneira correta, no período certo e com frequência adequada ela tende a aumentar na elasticidade e alongamento da entrada da vagina, importante para o momento da passagem do bebê.
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