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Resposta Sexual

Quando somos sexualmente estimulados, seja por nossa própria imaginação ou pela carícia de um parceiro, nosso corpo responde com mudanças como aumento dos batimentos cardíacos, aumento da sensibilidade na área genital, ereção, lubrificação, etc. Todas estas mudanças são fundamentais para que o ato sexual seja satisfatório.

De um modo simplificado para facilitar o entendimento, a resposta sexual pode ser dividida nas fases de desejo, excitação, fase de platô, satisfação e resolução. Falhas em qualquer uma destas fases são normalmente a causa da insatisfação sexual. Portanto, conhecer bem cada uma destas fases é fundamental para descobrir onde está o problema, e a partir dai tratá-lo.


Fase de Desejo

É o começo de toda resposta sexual, antes mesmo da excitação. O estímulo sexual pode ser psíquico (pela imaginação, visual ou auditivo) ou físico (pelo toque). Hoje sabe-se que a parte psíquica do estímulo sexual é ponto fundamental para a completa realização sexual.

Sem uma boa e completa fase do desejo não há excitação, e portanto a resposta sexual não acontece. Nesta fase os estímulos são fundamentais, portanto, não tenha vergonha de mostrar seus gostos ao seu parceiro(a), e esteja sempre atento(a) também aos gostos dele(a).

Durante muito tempo a sociedade impôs inibições morais que, até hoje, são responsáveis por problemas sexuais, especialmente em mulheres - sobre as quais as imposições sempre foram mais rígidas. A repressão sexual de uma mulher pode fazer com que ela crie um bloqueio ou inibição para os estímulos sexuais e torne-se pouco sensível para o sexo ("frigidez") ou, pelo contrário, se torne sexuada demais.

Conhecer o corpo e estar de bem com ele é fundamental para que o caminho para a recepção dos estímulos sexuais esteja aberto. É importante desligar do mundo ao redor e se concentrar no próprio corpo, nas suas próprias vontades, tentar perceber as respostas físicas que vão surgindo, por exemplo, quais carícias provocam quais sensações são melhores recebidas.


Fase da Excitação

O desejo sexual pode aparecer do nada, em nossa imaginação, ou aparecer quando somos estimulados por uma imagem, uma carícia, etc. Se corpo e mente estão num dia bom, e as condições são propícias, acontece a excitação sexual, quando todo nosso corpo parece se acelerar um pouco, e notamos ereção, lubrificação, etc.

Tudo começa com o aumento do débito cardíaco, que é quantidade de sangue bombeada pelo coração por segundo. A respiração fica mais ofegante para que nossos músculos estejam melhores oxigenados - afinal, precisaremos do movimento causado por eles para o ato sexual.

A partir dai acontece uma série de mudanças importantes, especialmente próximo aos órgãos genitais, para que o ato sexual possa se desenvolver de forma completa e satisfatória. Em ordem, estão mudanças são congestão, ereção e lubrificação.

CONGESTÃO

Você já reparou como o pênis e o clitóris ficam inchados durante a excitação sexual? Isto é a congestão, que aumenta em várias vezes a sensibilidade dos órgãos genitais, favorecendo a satisfação sexual - com ou sem orgasmo. Aumento na sensibilidade é importante para o prazer sexual. Sensibilidade, de um modo geral, depende diretamente da quantidade de sangue circulando no local.

Já reparou como nossa pele, quando mais avermelhada (cheia de sangue), fica mais sensível? Quanto mais sangue, melhor a sensibilidade local. Para que a sensibilidade genital aumente é necessário, portanto, que haja mais sangue dentro dos órgãos genitais.

A congestão é a primeira fase da resposta sexual feminina e masculina, quando acontece o inchaço dos órgãos genitais (clitóris e pênis), que estão enchendo cada vez mais de sangue. Esta congestão aumenta a sensibilidade, abrindo caminho para a ereção, importante para a satisfação e o orgasmo.

Sem congestão a sensibilidade é prejudicada e não há ereção, portanto não há lubrificação - causando dor. Também não há satisfação nem orgasmo.

O clitóris (órgão genital feminino) e pênis (o masculino) são formados por um corpo esponjoso (parte sensória) e dois corpos cavernosos (parte erétil). A função do corpo esponjoso é aumentar a sensibilidade do local, e a dos corpos cavernosos causar a ereção. A ereção aumenta mais ainda a sensibilidade do corpo esponjoso, e no homem é fundamental para a penetração - entrada do pênis no canal vaginal.

Clitóris não é apenas aquele pontinho visível acima da uretra: é um órgão grande localizado internamente ao corpo feminino e ao redor da maior parte do canal vaginal. Aquele ponto externo é apenas sua menor parte: a glande.


EREÇÃO

A sensibilidade na área genital é fundamental para a satisfação e o orgasmo. Esta sensibilidade é amplificada pela ereção, ou enrijecimento do órgão genital - pênis (no homem) e clitóris (na mulher). A ereção é fundamental para a fase do platô, momento no qual acontece o aumento mais intenso da lubrificação.

Sem ereção a sensibilidade não é a mesma, e o prazer sexual pode estar prejudicado causando disorgasmia (orgasmo fraco ou demorado), anorgasmia (ausência de orgasmo), insatisfação sexual e impossibilidade de penetração - entrada do pênis no canal vaginal. Tudo isto valendo para mulheres e homens.

A ereção acontece pelo enchimento de sangue dos chamados corpos cavernosos, dois grandes tubos semelhantes à esponjas que formam o corpo do pênis e do clitóris.

Fora da excitação sexual os corpos cavernosos e corpo esponjoso são como esponjas fechadas. Imagine uma esponja de banho espremida dentro de sua mão fechada: todos os furinhos estão fechados. Com o estímulo sexual estas cavernas (furos) se abrem e os tubos congestionam de sangue (se enchem), o que é conhecido como congestão genital (inchaço).

A congestão sanguínea (inchaço dos genitais) abre caminho para a ereção. Sem uma boa congestão a ereção não acontece, e sem ereção não há lubrificação nem satisfação.

Durante a excitação sexual as cavernas dos corpos cavernosos se abrem e se enchem de sangue, de forma semelhante ao que acontece nos corpos esponjosos (congestão). Mas aqui a história é diferente: quanto mais sangue vai entrando pelas artérias, mais as veias (saída do sangue) vão sendo pressionadas pelos músculos isquiocavernosos e músculos bulbocavernosos (músculos do clitóris). Durante o estímulo sexual (carícias) estes músculos contraem reflexamente (automaticamente), trancando cada vez mais sangue dentro dos corpos cavernosos e esponjosos do clitóris, aumentando mais e mais a sensibilidade local.

Os corpos cavernosos e esponjosos, assim, vão enchendo mais e mais, como um balão, até tal ponto que a pressão de líquido lá dentro é tão grande que o órgão endurece. A ereção é, portanto, um fenômeno hidráulico (depende das pressões de um líquido - no caso, sangue), bloqueadas por músculos específicos do clitóris.

A função do corpo esponjoso é aumentar a sensibilidade genital durante o ato sexual. A função dos corpos cavernosos é aumentar mais ainda a sensibilidade do corpo esponjoso pela ereção: o enrijecimento do órgão genital (clitóris ou pênis).


LUBRIFICAÇÃO

A boa musculatura genital também é fundamental para que a lubrificação vaginal aconteça de modo satisfatório. Além da congestão para sensibilidade, a contração do músculo do bulbocavernoso também pressiona as glândulas paravaginais (Glândulas de Bartholin), espremendo sua secreção lubrificante para dentro da vulva. Outros lubrificantes importantes são os produzidos pelas paredes do útero, das paredes vaginais e das glândulas parauretrais (ao redor da uretra).

Mas a maior parte da lubrificação durante o ato sexual vem do muco das paredes vaginais e do muco do útero: em conjunto formam aquela quantidade incrível de lubrificante quer permite que o sexo seja tão prazeroso.

A lubrificação acontece em mulheres e homens (em quantidade bem menor). O muco é inodoro (sem cheiro) e geralmente incolor (sem cor). Muco com coloração, por exemplo amarelada, ou então com odor aumentado ou diferente, normalmente indicam algum tipo de infecção - o que é bastante comum. Consulte seu médico ginecologista se for o caso.

Sem uma boa ereção (do clitóris) a lubrificação é fraca. Ereção e lubrificação dependem da boa função da MAP. Músculos fortes, muita lubrificação.


Músculos importantes para congestão, ereção e lubrificação

Você já reparou como a ereção aumenta momentaneamente quando contraímos a musculatura do assoalho pélvico? Isto acontece porque a contração da MAP aumenta o bloqueio das veias (saída de sangue), deixando pênis e/ou clitóris mais cheios de sangue, mais eretos.

As veias estreitam ligeiramente seu calibre (grossura) durante a excitação sexual, mas a maior parte deste fechamento acontece com o auxílio de músculos altamente especializados para este fim.

Por cima do corpo esponjoso, tanto masculino quanto feminino, há um músculo que, por este motivo, recebe o nome de músculo do bulbo esponjoso. Apesar de ser um músculo voluntário (que contrai sob nossa vontade), ele contrai automaticamente durante o ato sexual, via reflexa.

Sua função é pressionar todo o bulbocavernoso, bloqueando o retorno do sangue venoso (que sai), sem bloquear a entrada do sangue arterial (que entra). O resultado é um aumento na congestão (inchaço), que aumenta ainda mais a sensibilidade de toda a região, fundamental para que o orgasmo, masculino ou feminino, aconteça.

Os corpos cavernosos também são envolvidos por músculos voluntários - os músculos isquiocavernosos. Sua função é comprimir os corpos cavernosos de fora para dentro, bloqueando mais ainda as saídas de sangue e aumentando a ereção. Quanto melhor a função desta musculatura, melhor a ereção.

A disfunção erétil causada após a cirurgia de próstata pode estar relacionada à denervação parcial (destruição de parte dos nervos, fios que levam os sinais do sistema nervoso central para os músculos trabalharem). O sucesso dos exercícios para a disfunção erétil, neste caso, vai depender diretamente da inervação preservada, e isto necessita de uma avaliação detalhada. Procure um fisioterapeuta especialista na sua cidade.



Fase do Platô

Finalmente, se o desejo inicial foi bem recebido por corpo e mente, se o corpo respondeu com toda a fase da excitação (congestão, ereção e lubrificação), não é mais necessário aumentar ainda mais a excitação, pois as condições mínimas necessárias ao ato sexual já foram alcançadas. Esta fase de estabilidade da resposta sexual é conhecida como fase do platô.

Platô, em francês, significa prancha ou tábua. É a fase onde a excitação para de subir. Durante a fase de excitação todo o corpo ia se acelerando (coração, respiração) e as respostas físicas (lubrificação, ereção) iam aumentando. Neste ponto, no platô, esta aceleração é menor e as respostas se mantém constantes.

Nesta fase a excitação é quase máxima, e para muita gente é tão boa - ou até melhor - do que orgasmo. Congestão e ereção estão quase em seu pico, e a sensibilidade local é máxima. Neste momento a musculatura do assoalho pélvico apresenta uma contração automática e sustentada, mais forte do que antes. Este aumento na contração é fundamental para aquele aumento na lubrificação e na sensibilidade genital em geral, que acontece no intercurso do ato sexual.

ATIVIDADE MUSCULAR INTENSA: AUMENTO NA SENSIBILIDADE E NA LUBRIFICAÇÃO

Durante o platô a atividade muscular é muito intensa, comprimindo de modo constante e forte as glândulas locais, aumentando em várias vezes a secreção dos lubrificantes. Com sensibilidade e lubrificação mantidas no máximo as condições são as melhores possíveis para a satisfação sexual ou o orgasmo. O tempo de duração desta fase do platô varia de pessoa para pessoa.




Fase da Satisfação Sexual

Qual a função do ato sexual? Por que fazemos sexo? Muitos responderiam "para procriação da espécie", ou algo do tipo. Será? Talvez seja necessário revermos alguns conceitos. Afinal, quantas vezes na vida fazemos sexo com fins de procriação?

Muito mais do que a perpetuação da espécie, o ato sexual é algo voltado ao prazer e a intimidade. Talvez seja a forma mais intensa de duas pessoas estarem juntas. Após um bom ato sexual nosso corpo é inundado por substâncias chamadas beta-endorfinas, que causam aquela sensação de prazer. São as mesmas substancias liberadas quando comemos chocolate, ganhamos alguma competição ou abraçamos alguém querido que não vemos há muito.

Toda a resposta sexual, que vimos até agora, prepara o corpo para receber esta enorme dose das prazerosas endorfinas. A fase do platô garantiu as condições necessárias para isto. Ao final do platô a resposta sexual chega ao seu ápice, e pode acontecer o orgasmo ou simplesmente a descarga de endorfinas e a fase da resolução (fim da resposta sexual).

Não confunda satisfação sexual com orgasmo. Muitas mulheres que não sentem o orgasmo tem uma função sexual melhor que mulheres com orgasmo. Não ter orgasmo não significa necessariamente um problema. Satisfação sexual é o prazer sentido com o sexo, e este prazer pode ser maior do que o orgasmo em si. Insatisfação sexual é sim um problema, e tem tratamento.

ORGASMO

Quando o estímulo na fase de platô continua é possível que aconteça o orgasmo. São contrações rítmicas e reflexas (automáticas) que podem durar de segundos a minutos. Pode acontecer nas mais diversas intensidades: quanto mais intensos forem os estímulos e melhor for a saúde da musculatura e dos vasos sanguíneos locais, mais intenso é o orgasmo.

A boa resposta sexual depende da boa circulação sanguínea local e, especialmente, da boa função dos músculos responsáveis pela congestão, ereção e lubrificação.

A sensação, na mulher, é de que toda a região genital (que envolve não só a vagina, mas a parte interior da cavidade pélvica, útero, toda a MAP e por vezes até os músculos abdominais e da parte interna das coxas) está contraindo automaticamente e com força. Neste momento acontece também a ejaculação, que é a ejeção de lubrificantes na mulher e do sêmem no homem.

Orgasmo e ejaculação são dois acontecimentos distintos, e um pode acontecer independentemente do outro.

O orgasmo pode acontecer com qualquer intensidade. Quando a excitação é mais fraca, o orgasmo pode ser fraco ou demorado. Este problema é conhecido como disorgasmia. As causas são muitas, e a situação deve ser tratada.

Como mencionado, em muitas pessoas, especialmente mulheres, o orgasmo não acontece (anorgasmia). Isto não necessariamente significa problema. Há problema se a satisfação sexual estiver baixa, e isto necessita tratamento. É possível avaliar a função sexual e sua satisfação por meio de questionários específicos: para isto, consulte um profissional de saúde especializado.

Músculos genitais fortes e saudáveis garantem uma melhor congestão, ereção e lubrificação, favorecendo orgasmos mais fortes e intensos.

Cada pessoa tem um rítmo sexual diferente. Alguns gostam de sexo uma vez por semana, outros três por dia, e isso vale tanto para homens quanto para mulheres. Todos os casos são perfeitamente normais: apenas diferentes. Uns demoram dois minutos para chegar ao orgasmo, outros demoram mais de 20 e, mais uma vez, são só diferenças. Aí está a importância de procurar um parceiro com o mesmo ritmo e gosto.

EJACULAÇÃO

Durante o orgasmo vários órgãos são pressionados fortemente. No homem a próstata recebe os espermatozoides dos ductos deferentes e o gel seminal das vesículas seminais. Dentro do próstata a mistura recebe ainda o líquido prostático, cuja função é dissolver o gel para liberar os espermatozoides no momento certo - cerca de dois minutos após a ejaculação. No orgasmo todas estas estruturas são pressionadas ritmicamente para acelerar os três componentes do sêmen para fora do corpo masculino em direção ao colo do útero e às tubas uterinas, onde acontecerá a fecundação.

Na mulher o orgasmo provoca a contração do útero, vagina, grandes e pequenos lábios, musculatura profunda do assoalho pélvico e músculos do clitóris. Nesta fase a musculatura do clitóris, particularmente os músculos sobre o bulbo esponjoso, pressionam as glandulas paravaginais (Bartholin) e parauretrais (Skene), ejetando mais fortemente algumas gotas de secreção. Ao mesmo tempo o muco acumulado no útero é expulso mais fortemente, bem como a própria secreção das paredes vaginais. Toda a região fica instantaneamente mais molhada. Ao mesmo tempo os músculos superficiais do assoalho pélvico (músculo clitoridianos) contraem fortemente, aumentando em muito a sensibilidade genital. Estas condições vão favorecer um orgasmo mais intenso e prazeroso.

Uma em cada dez mulheres ejeta líquido de forma intensa, como jatos, durante o orgasmo, num fenômeno chamado ejaculação feminina. Esta ejaculação nada tem a ver com as glândulas parauretrais (Skene) ou paravaginais (Bartholin), mas sim com um líquido que é produzido na bexiga durante momentos de grande excitação sexual. Durante a excitação máxima o útero sobe, tracionando as parede da bexiga e fazendo os rins filtrarem muitíssimo rápido o sangue que circula por ali, enchendo a bexiga de um líquido transparente, incolor, inodoro, nada parecido com a urina. Algumas mulheres ejaculam todo esse líquido durante o orgasmo, em jatos conhecidos como squirting, ou ejaculação feminina. Outras mulheres não ejetam esse líquido durante o orgasmo, e daí então vem a vontade de urinar logo após o sexo. Quanto mais prazeroso o sexo, mais urina temos na bexiga ao final do ato.


Fase da Resolução

Após toda a resposta sexual, particularmente seu ápice (a fase de satisfação sexual), a excitação vai diminuindo progressivamente. Frequência cardíaca e respiratória vão normalizando, a circulação sanguínea volta ao normal e a ereção e a congestão vão desaparecendo. Restam as endorfinas e a sensação de prazer. A fase de resolução pode durar de poucos segundos até vários minutos, varia de pessoa para pessoa.

Nesta fase acontece o período refratário, que é aquele período no qual é desagradável continuar com a atividade sexual. A sensação deste período também varia com cada pessoa, bem como sua duração.

Para algumas pessoas o período refratário pode durar vários minutos, nos quais é preciso um tempo ou descanso antes de iniciar um novo ato sexual. Para outras pessoas este período leva uns poucos segundos e mal ser notado: neste caso a pessoa está pronta para continuar com o ato sexual, interrompendo a fase de resolução, e possivelmente alcançado nova fase de satisfação e até mesmo orgasmos múltiplos.